quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Álcool com moderação na gravidez não prejudica bebê, dizem cientistas

Uma pesquisa de cientistas britânicos sugere que o consumo moderado de bebida alcoólica durante a gravidez não causa problemas de comportamento ou de desenvolvimento mental ao bebê.
No estudo, os pesquisadores do University College de Londres analisaram o comportamento e as habilidades de 10.534 crianças britânicas de sete anos cujas mães não consumiram ou consumiram quantidades moderadas de bebida durante a gravidez.
E, de acordo com os cientistas, foram descobertas poucas diferenças entre as crianças filhas de mães que não beberam e as filhas das mães que beberam moderadamente.
"Sabemos que beber muito durante a gravidez tem um efeito muito prejudicial, mas é muito improvável que beber pequenas quantidades terá um impacto (na gravidez)", afirmou Yvonne Kelly, uma das autoras do estudo divulgado na publicação científica de ginecologia e obstetrícia An International Journal of Obstetrics and Gynaecology (BJOG).
"Não parece ser biologicamente plausível que pequenas quantidades de álcool vão afetar de alguma forma o desenvolvimento. O ambiente no qual a criança cresce é muito mais importante", acrescentou.
No entanto, a pesquisadora afirma que é necessário mais tempo para analisar a saúde das crianças.
"Seguimos estas crianças durante os primeiros sete anos das vidas delas, mas mais pesquisas são necessárias para detectar se algum efeito adverso dos baixos níveis de consumo de álcool na gravidez pode aparecer mais tarde", disse Kelly.
O consumo considerado moderado de bebidas alcoólicas está na faixa das duas unidades de bebida (com um total de 20 g de álcool) por semana. Como cada bebida alcoólica tem uma quantidade diferente de álcool, uma unidade é equivalente a cerca de 280 ml de cerveja ou uma única medida de 35 ml de destilado.

Opção mais segura
O estudo do University College de Londres coletou dados de crianças nascidas em toda a Grã-Bretanha entre 2000 e 2002. Quando estas crianças tinham nove meses de idade, as mães foram questionadas se tinham consumido bebida alcoólica durante a gravidez.
Cerca de 57% afirmaram que não consumiram nada durante a gravidez e 23% consumiram pouco.
Quando estas crianças completaram sete anos de idade, os pais e professores avaliaram seu comportamento social e emocional, incluindo possíveis sintomas de hiperatividade e problemas de atenção. As crianças também fizeram testes de matemática, leitura e habilidades espaciais.
A partir dos resultados destas análises, o estudo sugere que os meninos nascidos de mães que consumiram pouco álcool tinham menos problemas de comportamento e eram melhores em leitura e habilidades espaciais do que os meninos cujas mães não beberam durante a gravidez.
Patrick O'Brien, porta-voz da Universidade Real de Obstetras e Ginecologistas, aprovou a pesquisa. "Esta é uma pesquisa muito bem feita e controlou também fatores sócio-econômicos e culturais (...) Mas não controlou todos eles, como o QI", afirmou.
No entanto, o especialista fez uma ressalva. "Ninguém está sugerindo que consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez é benéfico", acrescentou.
Para Linda Gueddes, autora do livro Bumpology ('Barrigologia', em tradução livre) também aprova a pesquisa, mas com cautela.
"Muitas mulheres ficam divididas, elas sabem que suas mães beberam um pouco quando estavam grávidas delas, elas veem amigos e parentes bebendo, elas podem pensar que uma bebida ocasional é OK, mas elas também sabem que a coisa mais segura a fazer é não beber, pois as provas (de que não faz mal) são limitadas e elas querem fazer o melhor para seus bebês."

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